na alvorada clara as folhas em branco estremecem, e antes que te oiça repito-me a mesma imagem borboleteada a luz.
e no espaço-fátuo de onde saiste desenha-se um molde convexo onde cabem todas as formas que tu nunca tiveste.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
domingo, 4 de novembro de 2007
sim, sou viciada em diários de dor (expressão daqui). e sim, também eu li the secret e me parece fácil de entender que quem acarinha a dor só tem espaço para ela na sua vida.
[mas quem sou eu, para além da dor?]
(na sala jeff buckley chora Hallelujah)
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hoje acordei e tu não estavas. não sei onde estiveste. nunca soube, de facto. mas eras tão verdade em mim como o sangue que de mim cresce quando corto um dedo.
não posso afogar noutro corpo a sede da tua pele. viver depois de ti é um vazio. ainda é cedo. voltei-te a cara, voltei-te as costas. sim, eu nunca fui insegura. talvez não percebas a diferença, mas tu tornas-me vulnerável. assentei segura em ti. eu cresço sozinha, tens razão. mas por mais que ao teu lado já não me vejas, ainda não me fui embora. continuo sentada no beiral da tua janela. ontem pela bertrand folheei frases dispersas. preciso de deixar de fumar-te, de beber-te, de respirar-te. os senhores não amam os seus escravos.
nunca me pus abaixo de ti, mesmo se achaste que o fazia. adorava-te porque te adoro. como sempre quis que me adorasses e sempre me magoou que o teu orgulho imenso não to permitisse. no teu palco não cabe mais ninguém, mas eu governava os bastidores para que a tua luz fosse permanente e fulgurante. agora deixo-te o palco vazio. já não consigo aplaudir-te do fundo da plateia nem cobrir-te de flores à boca de cena.
espero por ti lá fora.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
hoje, é diferente.
os teus sonhos não são os meus sonhos, os teus dias não são meus. eu não caibo dentro das tuas esquadrias rectas nem tu te deixas ficar nas minhas teias. estou cansada de fazer de conta que não vejo e que está sempre, sempre tudo bem, para que haja sempre árvores a aplacar os teus tufões. nunca subestimes o meu metro e meio, nunca. não sentirás falta de quem nunca soubeste. mas não tenho mais lenha para atear este fogo solitário e já não sinto que valha a pena. eu valho mais a pena, mas tu nunca aceitarias isso. e tu não fazes parte de mim, mais do que numa ficção elaborada. não consigo ver-te pelos meus olhos e não quero ver-te mais como és, porque prefiro guardar-te como foste em mim. sei que te serves da minha juventude e da minha exuberância como um chamariz para ti. disseste-me que o mundo é um público muito vasto e tentei explicar-te que só vale a pena brilhar para quem se ama. nunca poderias entender. o meu acto compulsivo de pôr ouro nos braços de quem quer prata. de fingir que não sei que não sou eu quem está ali. tantas vezes. no amor não há substitutos. mas eu estou cansada de viver numa trincheira de guerra. quero dormir sem o sobressalto da perda. quero acordar serena e quente. somos tão desiguais. e hoje já não finjo que acredito que um dia será diferente, mesmo à tua maneira. terá de ser à minha, agora. hoje sou eu que te uso e tu não sabes como. não sentirás falta de mim. mas talvez então te canses de fingir que não entendes.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
mas ela move-se...
os meus pés são tortos mas mantêm-me de pé.
as minhas pernas flácidas mas fazem-me mover.
os meus braços esguios mas levantam pesos.
a minha coluna curva mas sustém o corpo.
a cabeça vazia mas cumpre funções.
o coração dói mas bate na mesma cadência.
as minhas pernas flácidas mas fazem-me mover.
os meus braços esguios mas levantam pesos.
a minha coluna curva mas sustém o corpo.
a cabeça vazia mas cumpre funções.
o coração dói mas bate na mesma cadência.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
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