quinta-feira, 1 de novembro de 2007

hoje, é diferente.
os teus sonhos não são os meus sonhos, os teus dias não são meus. eu não caibo dentro das tuas esquadrias rectas nem tu te deixas ficar nas minhas teias. estou cansada de fazer de conta que não vejo e que está sempre, sempre tudo bem, para que haja sempre árvores a aplacar os teus tufões. nunca subestimes o meu metro e meio, nunca. não sentirás falta de quem nunca soubeste. mas não tenho mais lenha para atear este fogo solitário e já não sinto que valha a pena. eu valho mais a pena, mas tu nunca aceitarias isso. e tu não fazes parte de mim, mais do que numa ficção elaborada. não consigo ver-te pelos meus olhos e não quero ver-te mais como és, porque prefiro guardar-te como foste em mim. sei que te serves da minha juventude e da minha exuberância como um chamariz para ti. disseste-me que o mundo é um público muito vasto e tentei explicar-te que só vale a pena brilhar para quem se ama. nunca poderias entender. o meu acto compulsivo de pôr ouro nos braços de quem quer prata. de fingir que não sei que não sou eu quem está ali. tantas vezes. no amor não há substitutos. mas eu estou cansada de viver numa trincheira de guerra. quero dormir sem o sobressalto da perda. quero acordar serena e quente. somos tão desiguais. e hoje já não finjo que acredito que um dia será diferente, mesmo à tua maneira. terá de ser à minha, agora. hoje sou eu que te uso e tu não sabes como. não sentirás falta de mim. mas talvez então te canses de fingir que não entendes.

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